quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Não gostam de mim, porque falo de Deus


"Não gostam de mim, porque falo de Deus, sou loira e canto axé." Acima dessa frase, havia a foto de Cláudia Leitte, estampando a capa de uma revista.

Isso me fez pensar, tudo bem, o axé não é o tipo de musica que me atraia, mas tem quem goste. Quanto a ser loira, nada contra, muito pelo contrário, eu a acho linda. Agora, o negócio de falar de Deus, eu entendo bem, o que quer dizer. Passei por uma mudança recentemente, que na verdade não foi bem uma mudança, mas sim, assumir o que sempre fui, e o que me inspirava a escrever. Sim, estou falando de Deus, ou espiritualidade, aquela coisa de gente que não se sente apegada às coisas visíveis. Uma coisa de poeta ao quadrado.

Me sinto mais sereno esses dias, fazendo de minha espiritualidade, minha arte.

Há quem não concorde com isso, que ache que não se deve misturar as coisas, e que a arte verdadeira seja fazer grosserias, usar palavrões, chocar, ou transformar o que todo mundo vê, em arte. Não, eu prefiro transformar o que eu sinto em arte. Um amigo disse que eu não mudei, que continuo o mesmo, a procura de mim mesmo.

Mas a diferença, é que eu procurava a mim, nas coisas que todos acreditam. Sempre tive inveja do apego das pessoas às coisas do mundo, sempre lamentei não ser como elas. Tentei procurar a mim mesmo, nessas coisas que elas tanto gostam, não conseguia me achar, daí procurava em outras coisas, fato que me rendeu até o rótulo de "sem personalidade", de não saber o que queria, de fato.

Tentei ser cômico, tentei ser impactante, para que essas pessoas gostassem de mim. Mas eu não acredito e nem quero mais botar fé nisso.

De que serve a arte, de que serve viver para agradar o outro? Devemos deixar de nos alimentar do outro. E começarmos a nos alimentar de nós mesmos. Não me importo de ser aquele monge na solidão do claustro, e escrever o que apenas outros monges vão gostar. E daí? Estarei sendo sincero comigo mesmo. Estarei andando com minhas próprias pernas, e não usando os aplausos como muletas. Claro, quem toma tal decisão, que arque com as consequências, esse é o mundo em que você é legal, se tem uma cerveja na mão, se chupa despudoradamente, os pés de uma mulher. Mas, se você cometer a audácia de aparecer com uma Bíblia na mão (ou o que seja, que faça a ruptura do mundano para o espiritual). Aí, cara, você já não é legal, você virou "crente", moralista, um chato de galochas.

Este é o preço a se pagar, por querer algo de melhor, num mundo em que astro, é alguem como o Marilyn Manson, que um dia, vai parar para pensar melhor, como eu parei, mas que por enquanto, acha divertido, se acha muito mau, rasgando páginas da Bíblia, para o delirio de uma legião de adolescentes, que pensam que a vida se resume a fast-food e ser mal-criados com os pais, até o caminho da cova. E daí, acabou.

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Os dois lados


Dois lados

da mesma

moeda,

Um rio

passa

pelo

meu peito,

Feito de

lama e

àgua cristalina,

Que acaba

num mar

de duvidas

e poesia.

Quem sou?


Não sei

quem sou,

Se trevas,

Se luz,

O céu

me cega

com seu sol,

Então, o nego,

Só um instante,

a sarjeta

é o inferno

do vício

e imundície,

Sou um

anjo caído,

E arrependido!

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Demônios Putrefatos


O peregrino segue sempre avante, para cima, pela trilha entre os cadáveres. Demônios putrefatos, cujo chorume explode das veias. Não há sangue . Os demônios são feitos de lixo. O peregrino já não aguenta dar mais um passo. Tenta arrancar forças, respira fundo. Mas, como respirar com esse fedor de podridão no ar?

-- Ei!

Ele olha ao redor, tentando achar vida, naquele deserto infernal, enquanto arranca as botas de solas gastas, e enfia mais uma página de jornal dentro, com as ultimas notícias do Apocalipse.

-- Ei!

-- Quem chama?

-- Aqui! Do teu lado!

O peregrino se vira para a direita e se depara com os restos de um demônio gordo, de cuja barrigona, irrompem enormes vermes, como macabra macarronada. O demônio usa uma fralda geriátrica. E de seu queixo saem muitos pêlos que se movem. Não! São apenas moscas que fazem seu nauseabundo ninho no cavanhaque. O peregrino alisa a própria barba do queixo, e diria até que aquele demônio se parece com ele, mas o estado de decomposição é avançado. E só pelas forças dos abismos infernais, é que a criatura o enxerga com suas órbitas vazias.

-- Olá, doce peregrino!

--Que queres de mim, demônio?

--Não se estresse! Pegue a caixa de remédios que carrego na fralda!

-- Não preciso do remédio do inferno!

--Rá! Rá! Rá! São Rivotril que estais no alto da prateleira! Socorrei-me!! Rá! Rá! Rá!

Nesse momento, uma víbora negra irrompe da bocarra macabra. E olhos vermelhos o fitam.

-- O que pensa que encontrará lá em cima? Teu fim será igual a destes corpos! A alma não existe! Nada existe, alem dessa carne que o cerca! Vamos! Aproveite enquanto pode! Quer diversão?

De repente, uma linda mulher sai do meio dos cadáveres, oferecendo um sexo molhado e desejoso de procriação.

-- Ela está ovulando, peregrino! Como é que está escrito naquele livrinho, mesmo? Crescei e multiplicai-vos! Rá! Rá! Rá! Crie mais matéria, peregrino!

O peregrino ergue seu cajado e empala a criatura com aparência de mulher, que guincha terrivelmente, e de suas costelas saem tentáculos peludos, o que parecia ser uma mulher, é na verdade uma enorme e peçonhenta tarântula. Nosso herói, então, enterra o cajado mais profundamente, o que era um sexo feminino, vira uma bocarra gosmenta, cheia de presas mortais.

O peregrino se concentra, arrancando forças alem de sua compreensão, e, num vai e vem violento, parte a terrivel aranha no meio.

A víbora negra se diverte:

-- Oh! Que bruto! Acabaram de se conhecer!

-- Morra!

O cajado se levanta aos céus, e iluminado por um raio que clareia o cume sinistro da montanha feita de corpos, desce rapidamente, espatifando a cabeça da serpente. Os cadáveres começam a se dissolver, e numa carreira, o peregrino sobe a montanha escorregadia, a matéria putrida vem a seu encontro, como que querendo conscientemente, tragá-lo num redemoinho de suco gástrico.

Neste momento, fico na duvida. Penso que um anjo poderia salvá-lo no ultimo instante. Ou que, miraculosamente, o mar de chorume poderia abrir-se ao meio.

Mas, não. Decido que meu peregrino deve morrer. Pelo menos, para o mundo.

E assim sendo, sua fé o salva. Por ora, pois a caminhada ainda está muito longe de terminar.

sábado, 13 de fevereiro de 2010

Alegria!


São dias de muita alegria!

É batucada! É carnaval!

Mas, que louco resistiria?

É coisa de brasileiro, afinal!


Muita gente vai encher a cara

e se matar nas estradas,

Vai tentar pegar mulher na marra,

Haverão muitas barrigas inchadas!


Haverá aumento de natalidade,

e do índice de infectados por HIV,

De tamanha alegria, mortalidade

com tanta estupidez, homem sempre à mercê


Dos piores resultados,

Colhendo da inconsequente plantação
Os frutos podres e amaldiçoados,

Não foi sempre assim? Vai dizer que não!

Em vão!


Minha

mente

mata neurônios

em frente

de uma T.V. com

chuviscos

Minha

mente

mente

para

mim

mesmo

Dizendo

que

tudo

que vejo

éreal

Dizendo

que a dor

que agora sinto

Vale a pena ser sentida

Até quando minha mente

vai mentir?

Até quando

envenenar

o coração?

Nenhuma alma

merece vagar assim

Em vão!!Em vão!!

Deleite da alma


A carne acaba

e acordo

de meu sono profundo,

Acordo

para deleite da alma

Levanto para as alturas

a cada sete palmos

que afundo!

Glória!

Vejo as faces angélicas

fitarem-me,

nas órbitas vazias

dos crânios

dos antepassados,

Me sorriem

através

destes sorrisos

já descarnados,

Só um doce

fluído agora,

entre a matéria putrida

e sem importância,

Glória!

Liberdade, afinal!

Na reclusão de meus ossos,

Neste buraco fundo!

Hino do fim de tudo


Espirito atormentado

Água suja

se esvai

dos poros,

A morte dos princípios

me encantou

certa vez,

Hoje, felizmente,

canto,

O hino do fim de tudo,

Cheio de arrependimento,

Com o olho fito no céu,

Á espera da ultima luz,

Antes do jantar dos vermes.

Sementes


A menina

passeia entre

eucaliptos,

colhendo

as flores

deixadas

pelo caçador,

Flores

de infinita beleza,

Perfume sedutor,

Cai na armadilha,

Seu pequeno corpo

desmenbrado

já não é seu,

é da natureza,

E quantas flores

não nascerão dali,

Daquela dor pungente

daqueles gritos de horror?

Acordo do pesadelo,

Crente de que nem sempre

sairão inocentes

sementes

das flores ao redor!

Bendito fruto


Bebo teu sangue

que jorra

tão belo


Até que estanque

não vou embora

espero


Tua cabeça

Coroa de espinhos

pende sem vida


Mãe, não te entristeça

Beba o vinho

Querida


Que ele renasça em nós

Sempre, sempre e sempre

Neste mundo-algóz,

Bendito fruto de teu ventre!

Sinistro nevoeiro



A escuridão

da ignorância

me cega

e se nega

a passar

Sinistro nevoeiro

que abraça

minh'alma

como dama

de purulentas feridas

perigosa vida,

Canto em vão

É dificil passar

Soco as paredes

o sangue colore

essa dor

que teimava

se esconder

Essa dor

que torno poesia

para você,

minha vida

perigosa, querida!

Chão de ilusão





Pisa um chão

nada firme,

Chão de ilusão

de coisas podres


Cair

num buraco negro

Escada-Luz

sai das entranhas


Sobe

Não pisa

mais no frágil

Sobe

dentro

de ti mesmo


Céu

Dentro

de ti mesmo

Inferno

Dentro

de ti mesmo

Escolha

Eterno




O encanto de encontrar

Onde está?

Remexo nas entranhas

Mas, onde está?

Se as entranhas não são nada,

Devo cavar mais fundo?

Onde só Deus pode ver?

Onde estão?

Onde estão os olhos de Deus?

Se temos Deus em nós?

Porque olhos de vício?

Porque nadar contra a maré?

Porque este medo do fim?

Se no fim, está a Verdade?

Um eterno fim e retorno!

domingo, 7 de fevereiro de 2010

Amanheci vazio e acordei para Deus


Ontem à noite, assisti pela enésima vez, o filme "Taxi Driver", com De Niro, e sonhei depois, com aquele seu pensamento, de que deveria dar uma direção à sua vida, fugindo assim, da "auto-comtenplação mórbida". Hoje, saí para passear com a cachorra, me sentindo um poço sem fundo ambulante. Parei para descansar, enquanto acariciava sua cabecinha preta, pensei no sentido dela ser um bichinho, e no sentido de eu ser um humano racional.
Pensei que nada pode ser à toa, e vi que levava minha vida à toa. Refleti como é hipócrita, pensar em Deus, só no sofrimento.
Pensei na finitude desses anos, percorri ruas , as quais pisei quando garoto. Agora, estou ficando velho. É coisa que nos apercebemos melhor, ao cruzar com um vizinho de longa data. Aquele sujeito jovial e dinâmico virou um senhor encurvado. Aquela mulher que já nos seduziu com sua beleza, hoje é uma senhora toda enrugada. E para onde vai toda essa matéria gasta? O que há por dentro dessa matéria? Não. Não estou passando por nenhum grande sofrimento, para pensar nessas coisas. Simplesmente, algo faz falta. Percebo que estou de passagem aqui, e que minha origem real, reclama para que eu acorde. E oro a Deus, para que continue acordado. As seduções do mundo são como um gostoso sono, que deixa pesadas, as pálpebras do espirito. E como já disse o Mestre: "A Verdade te libertará!"